segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

CONTOS CONTINUAÇÃO

 24. POMBINHO

                   Aos meus cinco anos de idade, voltamos a residir na Fazenda “São Sebastião”, pertencente ao meu avô paterno; não bem me recordo, se em fins de 1936 ou início de 1937. Era época de calor, portanto, Verão. Minhas irmãs, alunas do Grupo Escolar de Serra Negra, passariam a frequentar a Escola Mista do Bairro das Tabaranas de Baixo, distante dois quilômetros da sede da Fazenda, onde residiríamos. Por quinhentos mil réis, meu pai adquiriu, ao Mário Pinheiro, um cabriolé e um cavalinho branco, cujo nome era Pombinho.
                   Pombinho, muito manso e de trote, nosso genitor disse ser meu e o conservei até 1949, quando foi vendida a propriedade rural. Sua idade já era de mais de vinte anos, pois que, quando chegou, já contava com cerca de oito.
                   Tive, no curso da existência, inúmeros cavalos, dentre eles, o Diamante, que pertencera à Globo e quando da novela Fera Ferida, em seu lombo, Linda Inês, ia montada,  encontrar-se com Flamel.
                   Confesso, de nenhum deles guardei tão magníficas lembranças. Montando Pombinho, aprendi cavalgar. Passeava com ele pelas estradas e cafezais, quando proferi as primeiras alocuções, discursando às aves, postadas nas vergônteas sésseis dos cafeeiros, que, durante o Inverno, seguravam os bagos vermelhos da rubiácea. Foi, indubitavelmente, o Pombinho, a primeira vítima de minhas prosopopéias. Quando iniciava a oração, ele diminuía a marcha; ao me empolgar,
elevando a voz, esticava o passo-troteado, abanando as orelhas, como a me aplaudir. Pombinho foi meu mais fantástico amigo!

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