segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

CONTOS CONTINUAÇÃO

22. DE QUANDO FUI PROCURADOR DE MEU AVÔ


Sempre relatei minha admiração pelo meu avô paterno. Teria sete ou oito anos de idade. Chico Ramos fora escolhido para festeiro de Nossa Senhora das Brotas, evento de todo Oito de Setembro. Eram seus últimos tempos. Estava enfermo, impossibilitado de lá comparecer. Pediu à minha mãe, que me levasse para representá-lo. Meu pai não poderia desempenhar a tarefa, tinha compromissos naquela data. Era Juiz de Paz em Serra Negra e, nesse dia, haveria cerimônia de casamento civil.
Fomos de trole, como sempre. Minha mãe no lugar da vovó Amélia.
A cerimônia foi fantástica. Olegário de Castro, comandante da congada, da qual fazia parte o João Miranda e sua família, no portal da Igreja Matriz, de Lindóia. Os dois cruzaram suas espadas de metal, quando minha genitora e eu entramos, ela, apoiada no meu braço direito, eu compenetrado em figurar meu ícone; caminhamos nessa postura até as imediações do altar, quando nos sentamos nos primeiros lugares do primeiro banco.
Tenho tido uma existência longa. São setenta e sete anos de muitas peripécias. Nesse percurso, tive oportunidade de participar de inúmeras celebrações, muitas delas de grande importância. Nunca fui tão destacado.
Não sabia meu progenitor que voltaria à Serra Negra para testemunhar sua presença, nestas paragens, por mais de sessenta e cinco anos.
Mais tarde, à partir dos  dez anos, fui Segurança de meu pai.
- Foram as importantes tarefas de toda minha existência: representar o Capitão Francisco Pinto da Cunha e preservar a integridade física de meu genitor.


23. DEUS É ENERGIA


                   Somos sua parte imanente. Logo, energia... À concepção nos permite a materialização, que se dissipa com a morte do soma, volta ao pó. O período integrante da existência se configura num percurso constituído por um complexo de fatos, uma linha de tempo. Daí a razão do calendário, essa invenção necessária. Necessariamente, o tempo não passa, passamos nós.
                   É sempre útil filosofar, forma de nos elevarmos, permitindo uma resposta à permanente indagação: Somos quem?
                   - Somos partícula ínfima do grande universo. Universo sem início ou fim. Como tal, sempre fomos e seremos. Encontramo-nos no conteúdo. Como tal, nossa importância.
                   Já passamos em inúmeras existências, passaremos por outras. Estamos envolvidos num processo evolutivo. A energia não é estática. Porém, motriz em sua multiplicidade de configurações.
                   Estas digressões são necessárias na busca da verdade.
Quando Pilatos retorna ao pretório balbucia: “O que é a verdade?” Cristo acabava de afirmar que viera ao mundo dar o testemunho da verdade. Referia-se Jesus à verdade essencial, relacionada ao Autor da existência. Verdade geradora, fonte da criação, capaz de multiplicar pães, curar leprosos, restaurar a vida. Jesus Cristo fora enviado pela Perfeição para pregar o amor, a fé, a esperança e a caridade. Amai-vos uns aos outros, como muito vos amei, dissera o Redentor do Mundo, no Sermão da Montanha. Mais tarde, São João o Evangelista, em epístola à Cristandade , afirma: “aquele que diz que ama a Deus e não ama ao seu semelhante é mentiroso, porque quem não ama ao seu semelhante, que vê, não pode amar a Deus, a quem não vê”.


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