quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

OS POMBOS DA PRAÇA



Certa manhã, adentrei à Padaria Serrana para tomar um pingado. Quando saía, o Martins, investigador aposentado, meu ex-aluno, disse-me que estava preocupado. Costumava tratar dos pombinhos, desses que evocam o Espírito Santo e que havia sido editada uma Lei Municipal proibindo o trato dos mesmos. Contou-me que deveria sair um decreto ou portaria, contendo as penalidades ao infrator.
                   Perguntou-me: qual deveria ser seu procedimento? Afirmei-lhe, prontamente, que os tratar era uma obrigação. Que, em tempos remotos, foram domesticados pelos asiáticos. Eles retroagiram, em seu instinto à procura de alimentos, cumprindo ao homem o dever de tratá-los. Ele prosseguiu em sua missão. Aconselhei-o a chegar mais cedo ao Jardim Público e distribuir  milho e pedaços de pão. Nas manhãs seguintes, estive em sua companhia. Os pombas sentavam-se em seus ombros.  Vi, várias vezes, um estava enfermo e vinha sobre uma de suas mãos, para que pudesse alimentá-lo, com a outra. Colocava-lhe o alimento dentro do bico.
                   Meu querido amigo Martins partiu para a eternidade, os pombos ficaram órfãos e a regulamentação foi entregue às calendas gregas.
                   Indagando das razões, pelas quais, os políticos não gostam dos pombos, um meu experimentado interlocutor disse que, poderia se dever pelo seu arrulho (1), entendido como: corrupto, corrupto, corrupto.
                   E os políticos odeiam ouvir este adjetivo!...

(1) canto do pombo. Fig. meiguice, ternura, carícia.


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