quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

CONFITEOR I - CONTINUAÇÃO


Castelo de Chapultepec


Maximiliano e Carlota, Rebull



Maximiliano, por Winterhalter



Maximiliano como Imperador do México



Fotografia do Imperador Maximiliano



Os últimos momentos de Maximiliano, quadro de Laurens




Manet, Execução do Imperador Maximiliano, versão preliminar



                                               Manet, Execução do Imperador Maximiliano



Tumba de Maximiliano, Viena



Mural retratando Maximiliano e Carlota no Palácio do Governo, México



17. A MAIS PUNGENTE HISTÓRIA DE AMOR

                   O arquiduque Fernando Maximiliano de Áustria, que após foi Imperador do México, chegou à Ilha da Madeira, em quatro de julho de 1852.
                   A Imperatriz D. Amélia, viúva do Imperador do Brasil D. Pedro I e Rei de Portugal D. Pedro IV, em companhia da princesa D. Maria Amélia, sua filha, chegou a Funchal, em 28 de agosto de 1852.
                   A irmã de D. Maria II, então, rainha de Portugal, vítima de tuberculose, buscava a cura para sua saúde.
                   O arquiduque passa a nutrir paixão pela princesa. E a intensidade de seu amor correspondido, foi tão forte, que fizeram vibrar as mais profundas e delicadas emoções. Num pitoresco ponto de Funchal, na cerca do extinto Convento de São Francisco e nos terrenos, entre a mesma e o celebrado “Passeio Público”, sentavam-se trocando juras de amor. Ela em esperanças, ele em preces pelo restabelecimento da saúde da enferma. Presentemente, ali se localiza o “Jardim Municipal de D. Maria Amélia”. Suas plantas vieram do Porto, Paris e outras partes, não obstante a Madeira seja conhecida pela beleza de suas flores, especialmente, orquídeas, sapatinho, antúrio e entrelícias.
                   A princesa veio a falecer em 4 de fevereiro de 1853. Seus restos mortais foram conduzidos para Lisboa, em 6 de maio de 1853.
                   Em sua memória foi instituído, pela Imperatriz, o Hospício da Princesa D. Maria Amélia, no Funchal. O arquiduque ofereceu, ao Hospício da Princesa D. Maria Amélia, uma escultura de Nossa Senhora das Dores, trazendo ao pescoço um coração de ouro. Ele teria planejado um matrimônio. De luto com esta perda, passou a usar um anel contendo um cacho de cabelo da falecida princesa. O novo prédio foi inaugurado em 4 de fevereiro de 1862. A administração ficou a cargo do rei da Escandinávia, Oscar II, que em 5 de julho de 1876, fez testamento, assegurando sua manutenção, indefinidamente.
                   Em 1859, durante o recesso parlamentar, D. Pedro II visitou o Norte do Brasil. “Na viagem de volta teve, um encontro curioso no Estado do Espírito Santo com o arquiduque Maximiliano da Áustria, seu primo-irmão. Passados sete anos, o arquiduque seria fuzilado no México, depois de se envolver no insensato projeto de Napoleão III de criar uma monarquia na América do Norte”. (D. Pedro II, recente publicação da Autoria de José Murilo de Carvalho)
                   Fernando Maximiliano, quando Imperador do México, foi condenado à morte. Entretanto, não chegou a ser executado, eis que foi substituído por um tercius. Utilizando-se de seu nome, veio para o Brasil, intitulando-se Conde de La Rosé, terminando seus dias em Serra Negra, Estado de São Paulo.
                   Nello Dallari, Capitão da polícia Militar, o mais combativo e brilhante jornalista serra-negrense, fundador e primeiro presidente da Associação de Imprensa de Serra Negra, tio do notável jurista Dalmo de Abreu
Dallari, em sua obra: “Sob o Céu Azul de Serra Negra”, publicada em 1966, à página 44, relata:
              “Surge, o enigmático Conde Maximiliano de La Rosé. Em 1875 passou a residir em Serra Negra, homem estrangeiro de maneiras distintas e de grande cultura, irmão da princesa Luíza da Alemanha.
                   Embora jamais alguém tenha conseguido detalhes de seu passado, dando a impressão, entretanto, de haver sido vítima de tremenda adversidade, o conde conseguiu captar a simpatia dos serra-negrenses, pelas suas maneiras simples e gestos de bondade e dignidade.
                   Gostava, principalmente, das crianças e era comum ver-se, aos domingos, Maximiliano rodeado de guris, aos quais distribuía doces e guloseimas.
                   Nem mesmo os poucos amigos mais chegados ao Conde, conseguiram arrancar-lhe a respeito dos acontecimentos, que o envolveram na vida naturalmente agitada. Dava-se, em excesso, ao uso do álcool, mas mesmo quando sob o domínio da bebida, portava-se de forma irrepreensível.
                   Cansado de viver aquela triste situação, o enigmático Conde de La Rose suicidou-se, em novembro de 1877, numa modesta casinha, distante do centro da cidade, por enforcamento”.

                   *Os restos mortais do arquiduque Fernando Maximiliano de Áustria foram exumados, quando o Dr. Luiz Guilherme Cavenaghi, cirurgião-dentista e o Sr. Braz Eduardo de Castro Blotta, protético, mais tarde Prefeito Municipal da Estância Hidromineral de Serra Negra, examinaram sua arcada dentária, objetivando esclarecimentos, quando se constatou haver o extinto se submetido a avançados tratamentos em países de primeiro mundo, localizados na Europa. Segundo o testemunho da Senhora Beatriz Ferreira de Queiroz, descendente direta de Lourenço Franco de Oliveira, fundador de Serra Negra, estiveram, também, presentes no ato da exumação do cadáver: Vitorino Azevedo, Ana Maria Duzzi Ramalho Matias, Aurora Duzzi Ramalho e Benedito Quirino, filho do amigo do Conde de La Rosé.


18. PANORÂMICA DE SÃO PAULO DE PIRATININGA

Largo da Sé.-
                   Martim Afonso de Souza cedeu a área de uma légua em quadra para a edificação de São Paulo de Piratininga. De seu centro, o largo da Sé, com a distância de meia légua para todos os lados, os limites. Essa área foi chamada o “Rocio”, século após “Marco Zero”, ponto de partida para todas as estradas da Província de São Paulo.
                   A primeira igreja matriz teve sua construção iniciada em 1555 e foi demolida em 1744. Em 1745 começou a ser erguida nova matriz, quando foi criado o bispado e passou a servir de catedral.
Dom Bernardo Rodrigues Nogueira foi nomeado primeiro Bispo, tomando posse em 08 de dezembro de 1746.
                   A Câmara ordenou aos moradores da rua Direita e vizinhanças que caiassem suas casas e colocassem colchas, cortinas e outros enfeites às janelas e portas para a primeira passagem do Bispo.
                    A Coroa, por sua vez, recomendara ao Governador da Capitania, D. Luiz Mascarenhas, o seguinte: “Sua Majestade é servido, que V. Sa. obrigue aos povos dessas Capitanias (56), que todos observem quando passar o bispo pela rua, ou por qualquer outra parte: toda a pessoa que o encontrar ponha os joelhos em terra, e espere assim até passar o Bispo, e se este em algum lugar estiver parado, façam o mesmo, e recebida a bênção se levantem e irão seguindo caminho. E deve V.Sa. ter entendido, em que as Religiões repiquem, todas as vezes que o Bispo passar à vista dos seus Conventos, ou Igrejas, e se tiverem alguma dúvida a fazê-lo recomendará V. Sa. parte de S. Majestade...”
  Pátio do Colégio.-
                   As tabas dos indígenas foram se erguendo em torno do Colégio dos jesuítas. O chefe indígena Tibiriçá, em 08 de fevereiro de 1554, foi batizado na antiga igreja do colégio, sendo nela sepultado em 1562; seus restos mortais encontram-se hoje na cripta da Catedral de São Paulo.
Em 1681 o prédio do antigo Colégio foi reedificado.
Rua São Bento.-
                   Chamou-se, primeiramente, caminho de São Bento e São Francisco. Rua que vae para São Bento, a de São Bento que vae para São Francisco.
                    A igreja de São Bento nasceu modesta no ano de 1598, com a pequena ermida, onde se localizara a aldeia de Inhanbuçu, do cacique Tibiriçá. O Mosteiro de São Bento foi fundado em 1600, quando a Câmara Municipal doou o terreno aos beneditinos para sua construção, “valendo até o fim do mundo”.
                   Em 17 de janeiro de 1650, Fernão Dias Paes propôs reedificar o Mosteiro de São Bento, “dotando-o de bens para sustento de seus religiosos, inclusive paramentos”.
                   Quando, em 1681, faleceu Fernão Dias Paes, em pleno sertão, com mais de 70 anos de idade, seu corpo foi removido para São Paulo, sepultados  seus restos mortais no altar da capela-mor.
                   À época em que Portugal saiu do domínio espanhol, quando D. João IV se tornou rei, os espanhóis residentes na Capitania de São Vicente, pretendendo que esta continuasse sob a tutela de Castela, aclamaram Amador Bueno da Ribeira como “Rei de São Paulo”, isto em 1º de abril de 1641. Não concordando, perseguido desde sua residência, refugiou-se no Mosteiro de São Bento.  Amador Bueno possuía casa na rua "Martim Afonso Tibiriçá" (atual rua São Bento), mas, morava permanentemente em seu sítio do "Manaqui").
Não obstante, o episódio da aclamação, portugueses e espanhóis, continuaram a conviver, fraternalmente, em São Paulo.
Rua Direita.-
                   Até 1674 chamou-se “direita que vae para Santo Antonio”. Em princípios do século XVII já existiam sobrados na então “rua Direita da Misericórdia”. Nessa época era hábito das mulheres se envolverem em baeta (pano de lã) ao sair de suas casas.
                   No ano de 1775 o Governador proibiu tal uso, tendo em vista que muitas mulheres, com o rosto vedado, adentravam, mesmo durante o dia, em casas de homens e, também, porque criminosos assim se dissimulavam.
                   A rua Direita, que é tudo menos direita, direita queria dizer que a rua ia direto de um ponto a outro.
                    Uma rua Direita ficava na cidade de Damasco e onde Saulo permaneceu após a sua visão. A história é contada no Novo Testamento, no Livro dos Atos 9:11. Em Portugal, desde a Idade Média o fervor religioso começou a dar o nome de Rua Direita a vias públicas. Assim, em Coimbra existe a Rua Direita que começa na Câmara Municipal e é completamente torta, mais que a nossa. Em Lisboa, existe a Rua Direita de São Paulo. Mas os povoadores portugueses, logo após o Descobrimento, em 1500, começaram a trazer essa tradição para as vilas e cidades do Brasil. Em Serra Negra, Estado de São Paulo, a atual rua Prudente de Morais, já se chamou Direita.
                   José Bonifácio de Andrada e Silva, Patriarca da Independência, nasceu em Santos, na Rua Direita, uma das treze ruas existentes na Vila, em 1763.
Rua do Quartel.-
                   Quando governador, Bernardo José de Lorena, foi inaugurado um quartel e nele se instalou a Legião dos Voluntários, daí a denominação.
Rua do Rosário.
                  No século XVII chamava-se “Manoel Paes Linhares”, após passou a denominar-se “rua do Rosário dos Homens Pretos”, tendo em vista igreja com esse nome, após, “rua do Rosário” e, em 1846, recebeu o nome de “Imperatriz”, por ocasião da visita da família imperial a São Paulo.
Rua do Carmo.-
                  Primeiramente, chamou-se “a que vae para Nossa Senhora do Carmo”, após rua do Carmo.
                  Em 25 de agosto de 1810 foi inaugurada, nessa rua, a igreja da Boa Morte. De sua torre avistavam-se a chegada das autoridades, que vinham da estrada do Ipiranga, quando seus sinos repicavam festivamente, daí porque sua denominação “torre de observação”.
Antes, era uma rua curta, começava no Beco do Pinto, indo até o largo do Carmo; daí para frente rua da Boa Morte, mais tarde se estendeu até a rua Tabatinguera.
                  Num sobrado dessa rua residiu o bispo D. Matheus de Abreu Pereira, falecido em 1824. A antiga igreja do Carmo ficava no largo desse nome.
Largo do Piques.-
                  Já nos registros históricos de 1727 é mencionado esse largo, após da Memória.
Rua do Ouvidor.-
                  Chamou-se “rua do Cônego Tomé Pinto”, tendo sido construído nessa rua o prédio da cadeia,  teve os nomes de “rua da Cadeia” e “rua da Cadeia Velha”. O governador D. Francisco de Souza veio a residir nessa rua, que passou a ser  “rua do Governador”. Criada a Ouvidoria paulista, assumiu o cargo de ouvidor-geral, o Dr. Luiz Antonio Peleja, que morava ali, quando passou a chamar-se “rua do Ouvidor” (no século XVIII “ouvidor” era juiz, tanto do cível como do crime). Posteriormente, esse logradouro recebeu o nome oficial de José Bonifácio, em homenagem ao jurista José Bonifácio, o Moço, que por vários anos nela residiu.
                   No tocante a ouvidor, houve em São Paulo, um de nome José Gomes Pinto de Moraes, ao tempo do governador Martim Lopes; era aquele moço solteiro e resolveu se casar com uma das moças da cidade. Mas, naquela época, os magistrados não podiam se casar sem licença especial do governo; por isso, ele se dirigiu ao Rei, pedindo permissão. A autorização para o casamento demorou tanto tempo que, antes de vir, o noivo morreu.
                   Em 1620 ocorreu um caso curioso, com Amâncio Rebello Coelho, outro ouvidor. Havia na vila uma cama condigna para ele, era a do cidadão Gonçalo Pires; mesmo sem sua anuência mandaram buscar sua cama, de mão armada, para uso do ouvidor.
Beco da Lapa.-
                  “Travessa ou Beco da Lapa” foi a denominação dada ao trecho entre as ruas de São Bento e Nova de São José.
Rua da Glória.-
                  Na “Chácara da Glória” existiu o Seminário das Educandas de Nossa Senhora da Glória, daí a denominação rua da Glória.
Rua de São José.-
                  Recebeu essa denominação em homenagem ao Frei José Raymundo Chichorro da Gama Lobo, que foi governador da Capitania de São Paulo (1786/1788).
                  Ali residiu o contestador médico João Batista Badaró, jornalista, que foi assassinado, (Libero Badaró).
Em 1745 a cidade de São Paulo passa a sediar o Bispado, o qual teve papel relevante na administração da cidade pelo seu conhecimento da distribuição demográfica dos bairros paroquiais.
                  Quando Morgado de Mateus assumiu os destinos da Capitania de São Paulo, utilizou-se das divisões eclesiásticas para a divisão administrativa da cidade, facilitando a tarefa da cobrança de impostos.
                  Em compensação, o Governo mandou reformar igrejas, dando total apoio ao clero.
                  Na primeira metade da centúria oitocentista, predominaram, em São Paulo, as chácaras. Era a pequena configuração suburbana da Fazenda, com suas plantações, o pomar, animais domésticos, a vaca de leite.
                   A casa da chácara era a reprodução da casa grande.
                  A residência de Dom Manuel, localizava-se na rua Santa Rosa, no caminho da Penha.
                  O sobrado paulista, construído, preferentemente nas ruas principais, era de dois andares, de aspecto triste, de cor amarelo-palha ou rosa-pálido.
Chácara dos Ingleses.-
                  O prédio da sede da Chácara dos Ingleses era a residência do inglês João Radmaker. Domitila de Castro ali vivera no período de 1817 a 1822. Em 1824 foi adquirido pela Santa Casa da Misericórdia para aí funcionar seu hospital.  
Rua da Quitanda Velha.-
                   No setecentismo era dividida em três trechos: o Beco do Bom Jesus, entre a rua São Bento e Beco do Inferno (travessa do comércio); outro trecho era dessa travessa até a rua do Cotovelo (rua da Quitanda); e desta ao largo da Misericórdia.
Nhangabaí.-
                   Na era seiscentista as águas dos rios: Anhangabaú, Tamanduateí e Tietê, eram usadas para banhos.
                  Ao lado do Anhangabaú, os pretos, carijós e bastardos se reuniam para vários jogos. Dessas reuniões resultavam furtos e mortes.
A casa do Trem.-
                  A “Casa do Trem” (depósito de munições) foi criada por volta de 1812 e funcionava na rua “Detrás do Quartel”.
Largo Nossa Senhora do Rosário.
                  Fazia frente para o Beco do Bom Jesus.

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